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Participação do setor de petróleo e gás chega a 13% do PIB brasileiro


A participação do segmento de petróleo e gás natural no PIB do Brasil aumentou de 3% em 2000 para 12% em 2010 e chega a 13% nos dias de hoje. A principal responsável por esse aumento é a Petrobras, que tem em curso um plano de investimentos de US$ 220,6 bilhões para o período 2014-2018 e perspectivas de dobrar a atual produção de petróleo até 2020, quando chegará a 4,2 milhões de barris de petróleo produzidos diariamente. Essas e outras informações foram ressaltadas durante apresentação do diretor de Gás e Energia da Petrobras, José Alcides Santoro, na sessão plenária “The industry’s role in promoting development” (O papel da indústria na promoção do desenvolvimento), nesta terça-feira, no WPC, maior evento global da indústria do petróleo, que acontece em Moscou, Rússia, de 15 a 19 de junho.

- Vários índices de desenvolvimento melhoraram no país na última década e a indústria de petróleo e gás tem um papel positivo nisso. O índice de desenvolvimento humano, por exemplo, subiu de 0,67 em 2000 para 0,73 em 2012. O número de empregos no setor também certamente teve impacto positivo na queda da taxa de desemprego no Brasil de 9,9% em 2002 para 6,7% em 2012 - avaliou o diretor Santoro, representante da companhia no painel, conduzido pelo ganhador do prêmio Pulitzer e vice-presidente da consultoria internacional IHS, Daniel Yergin.

Com a política de conteúdo local do Governo Federal, a criação do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) e o alinhamento das operadoras - em particular a Petrobras - a essa política de incentivo ao conteúdo nacional, a indústria naval brasileira teve um crescimento vertiginoso na última década. Somente para a Petrobras serão entregues, até 2020, 28 sondas de perfuração, 32 plataformas de produção, 154 navios de apoio de grande porte e 81 navios-tanque, todos construídos no Brasil. “Em 2003, apenas dois estaleiros estavam em funcionamento e o número de empregos no setor totalizava 7.465. Este ano, já são dez estaleiros de médio e grande porte em funcionamento, 80 mil empregos diretos e, aproximadamente, 320 mil indiretos. Em 2017, o número de vagas diretas nos estaleiros deverá chegar a 101 mil”, contabilizou o diretor.

- Vale ressaltar que a política de conteúdo local que resultou nesse crescimento vertiginoso não é protecionista: não existe reserva de mercado, mas sim incentivos para que a produção de equipamentos seja realizada no Brasil com aportes em inovação. Um dos exemplos desse incentivo se dá por meio do programa de qualificação do Prominp, que treinou, desde 2003, 97 mil pessoas e a previsão é treinar mais 17 mil pessoas até 2015 - complementou Santoro. Ao todo, são mais de 180 categorias profissionais relacionadas ao setor de petróleo e gás, do nível básico e técnico ao superior. Já foram investidos US$ 133 milhões no programa e mais US$ 25 milhões serão investidos até o próximo ano.

Além disso, o diretor ressaltou a parceria entre a Petrobras e o Sebrae, que recebeu investimentos de US$ 64 milhões e contribuiu para aumentar o número de fornecedores de pequeno porte no cadastro da Petrobras de 14 mil em 2004 (quando o projeto foi criado pelo Prominp) para 19 mil em 2013. Os negócios gerados pelas mais de 120 rodadas, realizadas entre 2005 e 2012, somaram US$ 2,75 bilhões.

- A iniciativa tem como objetivo desenvolver micro e pequenas empresas através de treinamento e qualificação fazendo uso das melhores práticas, aconselhamento e orientação de empresas maiores - explicou o diretor.

As oportunidades que se desenham no país têm atraído muitas empresas estrangeiras para terras brasileiras. Muitas grandes fornecedoras do segmento no mundo já se instalaram no país. Várias delas construíram não apenas plantas industriais, mas também centros de desenvolvimento de tecnologia.

- O Brasil tornou-se um dos países mais promissores do mundo para investimentos estrangeiros de empresas que buscam iniciar uma planta industrial a fim de fornecer para o mercado de petróleo e gás natural - concluiu o diretor.

Política de conteúdo local deve ser de incentivo, não protecionista, avalia executivo

O assessor da presidente da Petrobras para conteúdo local e coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), Paulo Sergio Rodrigues Alonso, presidiu, nesta segunda-feira, o fórum “Ensuring the security of supply of equipment, materials and local content infrastructure” (Garantindo a segurança do fornecimento de equipamentos, materiais e infra-estrutura de conteúdo local), no World Petroleum Congress (WPC), que acontece em Moscou. Na abertura, Paulo Alonso traçou um panorama das políticas de conteúdo local no mundo e lembrou que o assunto tem ganhado relevância global nos últimos dez anos. Ele ressaltou, no entanto, que essas políticas não devem ser protecionistas, mas de incentivo.

- Não há dúvida de que o objetivo principal de uma política de conteúdo local eficaz é promover a participação da indústria nacional nos projetos de petróleo e gás em base sustentável e competitiva. Políticas governamentais devem ser encorajadoras, não de proteção - defendeu Alonso.

Ele ressaltou que o poder de compra de uma grande companhia nacional de petróleo, a exemplo da Petrobras, é um poderoso instrumento para o desenvolvimento local, de fabricantes e de prestadores de serviços. O executivo disse que instituições de ensino também têm papel essencial, especialmente em países onde a falta de pessoas qualificadas pode ser um problema.

- Um plano amplo deve ser concebido para criar uma massa crítica de engenheiros, administradores e técnicos para alimentar a indústria de petróleo e gás em uma base sustentável - disse.

Ele citou como exemplo o Prominp, que desde 2006 qualificou mais de 95 mil pessoas no Brasil, a exemplo de soldadores, mecânicos, eletricistas, administradores, técnicos de automação e controle e engenheiros para trabalhar na indústria do petróleo.

A gerente executiva da Petrobras para a área de Libra, Anelise Lara, também participou ontem da sessão especial “The next wave of upstream innovation” (A próxima onda de inovação na exploração e produção de petróleo). A sessão teve como principal objetivo discutir as inovações tecnológicas recentes e futuras a fim de explorar e produzir petróleo e gás natural em fronteiras cada vez mais desafiadoras. Ela usou como exemplo o caso do pré-sal brasileiro para falar de inovação no segmento upstream. Ressaltou que as tecnologias usadas desde o imageamento dos reservatórios até a concepção das unidades de produção foram fundamentais para o sucesso dos projetos. Este conjunto de inovações contribuiu para elevar em 10 vezes a produção nos últimos quatro anos e para redução dos custos dos projetos:

- Tivemos grande redução de custos na perfuração e completação dos poços, por exemplo. E esse é um grande ganho, porque a área de poços recebe quase 50% do investimento total dos projetos. Se compararmos com o início da fase exploratória, conseguimos reduzir entre 40% e 50% o tempo de perfuração e completação no pré-sal.

A executiva falou também de sistemas de ponta que estão sendo utilizados no Brasil, a exemplo do processo WAG (Injeção Alternada de Água e Gás) que está em fase piloto no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos.

- É um importante método de recuperação de petróleo. Não queríamos ventilar o CO2 na atmosfera; havia o compromisso de reinjetá-lo no reservatório. Os resultados até agora são muito promissores e achamos - analisou.

Fonte: Monitor Mercantil