Navalshore

Notícias

Navalshore superou expectativas


Em sua primeira edição, a Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore atendeu aos seus objetivos. Tornou-se o fórum de negócios do setor

"Não esperava um movimento tão grande". Esta foi a impressão dos mais de 100 expositores presentes na Navalshore 2004 ao final do evento, que reuniu 5.930 pessoas em três dias de palestras e feira no Armazém 6 do porto do Rio de Janeiro. O evento foi profícuo para a aproximação e prospecção de negócios entre estaleiros e fornecedores. "Nosso objetivo com a colocação do stand foi de mostrar que estamos iniciando um trabalho dirigido para o segmento offshore. E as expectativas foram totalmente atendidas, uma vez que todos os nossos potenciais clientes estiveram presentes na feira. Fizemos bons contatos", destacou Carlos Eduardo Lito, da JRC do Brasil.

O Estaleiro Ilha (EISA) aproveitou a ocasião para assinar contrato com a Macnor Offshore, empresa de comércio e serviços, que representa fabricantes noruegueses de equipamentos navais. Pelo contrato a empresa vai fornecer thrusters (propulsores laterais) para 15 barcaças da armadora Norsul Navegação, encomendadas ao estaleiro. "É um momento bom para a realização de um evento como esse, que reúne setores público e privado na conferência e estaleiros e fornecedores na exposição", comenta Jorge Gonçalves, diretor do EISA.

Outro destaque da Navalshore foram os lançamentos. A Wärtisilä, fabricante de motores e geradores para a indústria, lançou em seu stand uma linha de geradores padronizados para atender à necessidade de energia de todos os tipos de navios. "A feira reuniu bastante gente. O público é específico, por isso atrai oportunidades. Foi muito além das expectativas", elogiou Luiz Barcelos, gerente da empresa dinamarquesa.

Alguns expositores comemoraram negócios e outros aproveitaram a oportunidade para celebrações, como a Radiomar, representante exclusiva das japonesas Furuno e Icom e da dinamarquesa Thrane & Thrane no Brasil. A empresa completou 30 anos de parceria com o setor naval durante a Navalshore 2004. Segundo Edivaldo Motta, diretor comercial da Radiomar, o evento foi totalmente satisfatório. "Já confirmamos nossa participação nas próximas edições da Navalshore, principalmente, devido à qualificação do público que compareceu em massa à feira", declara Motta.

Promovida pela revista Portos e Navios, a Navalshore será realizada novamente no próximo ano. A idéia é que o evento aconteça nos anos ímpares. A primeira edição contou com uma área de três mil e quinhentos metros quadrados para entre stands, auditório e praça de alimentação. O evento é o primeiro do setor naval que transcende a abordagem eminentemente técnica, propiciando um encontro de todos os segmentos a ele ligados.

Debates na conferência

Algumas questões colocadas durante a I Conferência da Indpustria Naval e Offshore deixaram reflexões, como a palestra do gerente de Engenharia de Construção de Plataformas e Unidades de Transporte Marítimos da Petrobras, Roberto Gonçalves. Segundo o executivo, existe um desafio para a construção de plataformas no Brasil, que é a capacitação da indústria nacional e de seus fornecedores. Ele  admite que o cronograma da estatal dificulta o processo de contratação dos meios, uma vez que exige uma mobilização quase que imediata de centenas de profissionais em diversas áreas de atuação. A grande quantidade de obras ocorrendo em paralelo preocupa a Petrobrás, segundo Gonçalvez. O gerente da Petrobras também falou sobre a demanda de materiais para a construção de plataformas. A necessidade de chapas de aço, por exemplo, é de 35,3 mil toneladas por ano e deve chegar a 66 mil toneladas.

Outra carência que preocupa a estatal é a ausência de equipamentos para içamento de grandes tonelagens, como é o caso dos módulos elétricos para plataformas. Guindastes "heavy lift" usados na construção dos módulos são atualmente trazidos do exterior. A necessidade de novos diques secos, dada a pequena oferta nacional de serviço de docagem para atendimento à indústria de construção offshore também foi comentada pelo engenheiro. A relação oferta e demanda do setor naval e offshore foi amplamente discutida no evento, mas a sanção da Medida Provisória 177 foi o grande assunto do evento.

Empresários e trabalhadores fizeram um protesto silencioso durante a Navalshore. Com adesivos pedindo a provação da MP colados nas lapelas, participaram do encontro dispostos a chamar atenção das autoridades para o fantasma do veto presidencial ao artigo que cria o Fundo de Garantia para a Indústria Naval (FGIN). Diante de representantes de diversas esferas do poder, metalúrgicos, liderados pelo coordenador do Fórum Intersindical dos Trabalhadores da Indústria Naval e Offshore, Luis Chaves, ergueram fachas pedindo que o Governo Federal sancione a MP com o texto aprovado pela Câmara dos Deputados e Senado Federal. De acordo com Luis Chaves, o objetivo da manifestação é evitar que o presidente Lula cometa o mesmo erro de FHC com o programa Navega Brasil que nunca saiu do papel. "Queremos aproveitar esse momento para demonstrar apoio à Medida Provisória (MP) 177", acrescenta Chaves.

Aprovada pela Câmara e pelo Senado, a MP, que deve fomentar o segmento, depende apenas da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem até o dia 13 para sancioná-la. De acordo com a MP, cerca de R$ 400 milhões do Fundo de Marinha Mercante passariam para o Fundo de Garantia da Indústria Naval (FGIN), o que asseguraria a construção de navios mesmo que seu valor superasse o patrimônio do estaleiro contratado. O Fundo de Marinha Mercante dispõe hoje, segundo o vice-presidente executivo do Sindicado Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), Cláudio Decourt, de R$ 2 bilhões.

Fonte: Tatiana Siqueira