Turismo de negócios: mais um derivado do petróleo em Macaé
Setor se baseia em expectativas positivas de crescimento e vem superando desafios
A indústria do petróleo em Macaé trouxe mais do que desenvolvimento para a cidade, hoje considerada referência nacional quando se fala em crescimento econômico. O progresso trazido pelas dezenas de empresas offshore que se instalaram no município nos últimos 25 anos fez surgir uma gama de outros setores que antes não tinham tanta expressão no cenário econômico local.
No setor de serviços, o turismo de negócios é um dos que mais vem se destacando, atraindo investimentos de grandes nomes do setor hoteleiro.
Segundo levantamento feito pela prefeitura, o turismo de negócios corresponde a 71% do setor e a 10% do PIB do município. De acordo com a Associação Macaense da Indústria Hoteleira (AMIH), a cidade tem hoje o segundo maior parque hoteleiro do estado, com cerca de três mil leitos, distribuídos em aproximadamente 100 hotéis e pousadas. “Fizemos um estudo de viabilidade técnica e econômica que apontou que o setor cresce de 7% a 9% ao ano no município. Hoje a cidade é um pouso necessário da indústria offshore. No mundo dos negócios, todos conhecem Macaé”, comentou o presidente da Associação, Marco Aurélio Gomes Maia.
De olho em um mercado cada vez mais promissor, os grandes nomes da hotelaria nacional começaram a voltar seus olhos para Macaé, investindo pesado na construção de novas unidades.
Desde o ano passado, quatro hotéis de grande porte abriram suas portas, somando mais 840 apartamentos e flats. Destes, quatro são de categoria luxo – Four Points by Sheraton, San Diego, Gloria Garden Suítes e Comfort – e um da categoria econômica, o Íbis. Até o final do ano, estarão funcionando mais 600 unidades de luxo, com a abertura do Dubai, Othon, e Macaé Palace. Também existe um projeto para a construção do Sleep Inn, com cerca de 200 apartamentos.
Os investimentos em hotéis desta categoria acompanham o comportamento de um público cada vez mais exigente em função do intenso fluxo de negócios que o mercado de petróleo e gás trouxe para a cidade. São empresários, executivos e profissionais que passam a semana em Macaé a trabalho, para fechar negócios milionários ou, simplesmente, visitar as bases de suas empresas.
Para acompanhar as exigências destes hóspedes, os grandes hotéis hoje oferecem todo tipo de facilidade e conforto, desde sistema de acesso à internet nos quartos e academias até salas de reuniões e conferências, sempre disputadas durante a semana. A chegada de novas redes, acabou estimulando a concorrência no setor, os preços das diárias atualmente são bem parecidos. Isso faz com que os hóspedes primem pela qualidade da prestação de serviços e a segurança do estabelecimento na hora de fazer sua escolha e, neste caso, a propaganda boca-a-boca, ou seja, a recomendação de uns para outros hóspedes tem funcionado.
Para não perder o boom do desenvolvimento, os hotéis mais antigos da cidade estão buscando alternativas para acompanhar as mudanças no mercado, investindo em novidades que, até pouco tempo, eram consideradas luxo em Macaé, como acesso à internet e salão de convenções. “Quem não se modernizar, vai ficar para trás, não tem jeito. O mercado é cruel”, avisa o secretário municipal de Indústria e Comércio, Alexandre Gurgel. Segundo ele, depois do “susto” com a chegada das grandes redes, a maioria, incluindo as pousadas, está procurando se modernizar.
Inaugurado há dez anos, o Hotel Abusos Tropicais é um bom exemplo desta adaptação. “Tivemos que acompanhar as mudanças e hoje conseguimos manter praticamente a mesma clientela que tínhamos antes da chegada dos novos empreendimentos”, diz a gerente e sócia-proprietária do hotel, Ana Maria de Siqueira Porto. O hotel, que começou como restaurante, cresceu: dos 16 apartamentos iniciais, hoje são 60. Além disso, ganhou um salão de convenções, e outro já está em construção. “Procuramos também acompanhar a evolução tecnológica. Temos internet em banda larga e wireless (tecnologia sem fio). Hoje temos tudo o que os grandes têm”, ressalta Ana Maria.
Ações em conjunto para aumentar a taxa de ocupação nos fins de semana
Mas nem tudo são flores para os hoteleiros. Se durante a semana a taxa de ocupação de leitos gira em torno de 80%, às sextas, sábados e domingos o número cai para menos de 20%. E isso faz com que a taxa de ocupação mensal varie de 60 a 65%, número abaixo do potencial turístico do município, segundo a Associação Macaense da Indústria Hoteleira.
Ao contrário de outros municípios, a tarifa de fim de semana em Macaé é a tarifa promocional, com preços em média 30% mais baratos. “O final de semana já foi bem pior. Hoje temos uma ocupação média de 50%”, diz Ana Maria, do hotel Abusos Tropicais. Para mudar este cenário, a prefeitura, através da MacaéTur, aposta suas fichas nos eventos no Macaé Centro, como feiras e convenções setoriais e, ainda, na divulgação dos atrativos naturais do município, especialmente na serra.
Com uma região serrana repleta de recursos naturais – dona do Selo de Ouro do Turismo, da Embratur - o município começa a investir em infra-estrutura para atender bem ao turista nos fins de semana, evitando a evasão deste fluxo empresarial para cidades vizinhas em busca de lazer. Uma das principais medidas é a construção do Anel Viário, interligando os distritos do Sana, Bicuda e Areia Branca e o investimento por parte da MacaéTur e da Secretaria Municipal na capacitação da comunidade para desenvolver o turismo local. “Estamos buscando parcerias com representantes das secretarias de cidades vizinhas, como Rio das Ostras, para a criação de uma agenda de ações e calendário de eventos comuns, para estimular o turismo nos fins de semana e feriados”, diz o presidente da MacaéTur, Paulo Longobardi Filho.
O ponta pé inicial para o desenvolvimento turístico da região serrana já foi dado com a implantação da primeira Base de Operações Ordenadas do Eco-turismo de Glicério. Numa parceria com a Fundação de Esporte de Macaé – Fesporte e a Secretaria Municipal de Acervo e Patrimônio, formando um produto turístico com conteúdo inédito no estado.
A Fesporte implantou na Base a Escola de Canoagem Olímpica na modalidade Slalon com o objetivo de desenvolver atletas de alto rendimento e contribuir com a qualificação dos monitores de esportes em corredeiras. A Escola de Canoagem esta pronta e a Confederação Brasileira de Canoagem - CBC está em Macaé concluindo a construção da pista de Slalon e treinando os professores que estarão trabalhando no projeto. O presidente da Fesporte, Alex Moraes, está acompanhando cada passo da implantação da escola, que pode consolidar o esporte em corredeira no distrito de Glicério e ainda revelar novos talentos no cenário nacional da canoagem. Ele declarou que toda sua equipe estará envolvida na Base de Glicério.
Outro seguimento que estará representado no projeto da Base é um centro de pesquisa e informações da historia da região serrana, que apresentará pesquisas sobre a chegada dos Japoneses no Brasil e documentos datados de 1831, que fala da extinção do quilombo Carukango. O Secretario de Acervo e Patrimônio, Ricardo Meireles estará instalando um sistema de intranet na região com as pesquisas da secretaria, que serão disponibilizadas para a comunidade e turistas.
A Base Glicério é composta por 500 metros de pista de corredeira com passarela e uma pista de arvorismo, com 130 metros e será usada no treinamento dos monitores e nos pacotes de eco-turismo cujos esportes estarão disponíveis em breve.
O presidente da MacaéTur Paulo Longobardi Filho, comemora a implantação do projeto que envolveu a Empresa durante sua administração. “A MacaéTur em conjunto com as operadoras de viagem, oferecem o espaço para detalhamento do fomento turístico da Serra Macaense. A Base de Operações é só o início, outras serão implantadas futur
Fonte: Revista Negócios Offshore - Simone Noronha