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O petróleo e gás brasileiro seguem de vento em popa


A transição energética vai de vento em popa pelo planeta. E não poderia ser diferente, precisamos planejar e executar um planeta saudável para as futuras gerações.

Vários investidores, antes relevantes no mercado de O&G, anunciam a não intenção de investir mais em energia de origem fóssil,e somente investir em energias renováveis. Ainda bem que não se trata de uma atitude unânime, pois o planeta certamente entraria em colapso por falta de energia.

Não podemos esquecer que transição significa coexistência entre o que existe hoje e onde queremos chegar. De acordo com o World Energy Outlook 2020da IEA (International Energy Association), mesmo com um crescimento relevante de demanda por energias renováveis, em um cenário que reflete todas as intenções e metas de políticas anunciadas pelos países até o momento, a projeção de demanda por petróleo é de crescimento até 2030, se mantendo neste patamar até 2040.

Ou seja, investimentos na produção de óleo e gás continuam indispensáveis para garantir a demanda energética nas próximas décadas. Dito isto, o que podemos falar do O&G brasileiro?

O greenfield nacional segue firme. Em um levantamento baseado em artigos publicados, dados dos websites de operadores e informações obtidas diretamente do meu network, chegamos ao infográfico abaixo, indicando 32 novos FPSOs até 2028. As datas de primeiro óleo de certo podem variar, mas os projetos muito provavelmente irão acontecer.

Levantamento próprio estima 32 novos FPSOs entrando em operação até 2028
Há também vários operadores importantes que ainda estão em fase de exploração. A Total tem planos de iniciar campanha de perfuração em 2021. A Wintershall entre 2022 e 2023. bp Energy entre 2021 e 2022, e a ExxonMobil está iniciando sua campanha agora. Isso significa que o infográfico definitivamente terá novas unidades indicadas no futuro.

Uma outra boa notícia é que devido ao baixo teor de enxofre do óleo do pré-sal, as exportações de petróleo estão decolando. A razão principal é a resolução da Organização Marítima Internacional, a IMO 2020, que determinou que as embarcações devem utilizar bunker com máximo de 0,5% de enxofre, contra o limite anterior de 3,5%. O óleo brasileiro, portanto,se torna relevante no refino internacional.

Dentro da sua estratégia de maximizar os recursos dos seus investidores, focando naqueles ativos que geram mais valor para companhia, a Petrobras, através do seu plano de desinvestimentos, vem causando uma saudável transformação no brownfield brasileiro onshore e offshore, permitindo que vários novos players, especialistas em campos maduros, operem e invistam no aumento de recuperação destes campos, gerando mais divisas para o país, mais empregos, e mais opções para a cadeia de suprimentos. Podemos citar a PetroRio, Perenco, Karoon, Trident Energy, 3R Petroleum, PetroRecôncavo, entre outras. Empresas investindo forte nos campos maduros brasileiros.

E não vai parar por aí. Há vários ativos da Petrobras à venda no momento.Polo Urucu, Polo Norte Capixaba, Polo Potiguar, Polo de Alagoas, Polo Carmópolis, Polo Bahia Terra, Polo Marlim, Albacora e Albacora Leste são exemplos.

Ainda falando de brownfield, os programas Reate e Promar, capitaneados pelo MME, buscam a revitalização de campos maduros onshore e offshore,respectivamente.Adequação dos percentuais de royalties em campos de elevado risco e baixo potencial petrolífero, e simplificação de exigências contratuais para jazidas de baixa materialidade, são exemplos de iniciativas que buscam aumentar a vida útil, aumentar o fator de recuperação, gerar empregos e manter a indústria de bens e serviços.

E não podemos deixar de falar do gás natural. Com um atraso considerável em relação ao mercado global, nossas autoridades finalmente abriram os olhos para a importância deste energético como combustível de transição. Com o programa “Novo Mercado de Gás, o governo brasileiro busca desverticalizar o mercado, dominado pela Petrobras em toda a sua cadeia de valor, facilitando a presença de novos agentes, aumento da competitividade e uma possível redução dos preços do gás natural no país.

Como parte do programa, em TCC assinado pelo Cade e Petrobras, a empresa se prontifica a reduzir sua presença nos vários elos da cadeia de valor, permitir acesso de terceiros às infraestruturas essenciais, entre outras iniciativas acordadas. Há também uma série de iniciativas regulatórias em andamento, necessárias para regular o mercado como se espera que ele funcione daqui para frente, e para trazer segurança jurídica aos investidores.

Poderia ficar aqui escrevendo vários parágrafos sobre o Novo Mercado de Gás, mas este não é o objetivo deste artigo. O importante é deixar claro que o mercado de gás natural brasileiro está passando por uma grande transformação,com um potencial enorme de investimentos na geração de energia termelétrica, na indústria como matéria prima, na substituição do diesel e óleo combustível, etc. A utilização do GNL para internalizar o gás natural para as regiões sem gasodutos é outra possibilidade onde já há muitos investimentos no país. E cabe aqui a lembrança que recentemente foi publicado que a New Fortress Energy investiu bilhões de dólares em vários ativos brasileiros relacionados à utilização do GNL.Se alguém tem alguma dúvida do potencial do mercado de gás natural no país, e mais precisamente do potencial do GNL, talvez seja o caso de repensar a sua posição.

Face ao exposto aqui até agora, não há nenhuma dúvida que o O&G brasileiro vai muito bem, obrigado. Um mercado dinâmico, com muitos investimentos sendo realizados e muitos por vir.

Mas isso não quer dizer que o país não está alinhado coma transição energética mundial. Como sempre diz a minha colega Fernanda Delgado, professora e pesquisadora da FGV, cada país realiza a transição energética que cabe no seu bolso. O setor de petróleo e gás no Brasil está firme e forte, mas o etanol, biodiesel, a energia solar e eólica onshore são realidade no país. Estamos crescendo no biogás e biometano, onde temos um potencial enorme de produção de energia. E não podemos ficar assistindo de fora o avanço da eólica offshore, um mercado que vai crescer muito na próxima década e onde temos todas as condições de se destacar.Decididamente há espaço para todos.

Graduado em engenharia naval pela UFRJ, Antônio Souza é executivo com mais de 30 anos de experiência no mercado de O&G. No momento, atua como consultor independente para os segmentos de up, mid e downstream.

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Fonte: Antônio Souza - EP BR