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Exportações totais no Porto do Açu caem 27,8% em 2018


Porto do Açu Porto do Açu

Idealizado como ponto de partida para nova rota do minério de ferro brasileiro para a China, o Porto do Açu terminou 2018 com o menor nível de exportações em quatro anos. Em valores, os embarques de produtos para o exterior a partir do porto situado em São João da Barra, no Norte Fluminense, somaram US$ 355,04 milhões, de acordo com estatísticas oficiais de comércio exterior. O montante é superior apenas ao registrado em 2014 (US$ 32,9 milhões), quando o porto iniciou suas operações.

Na comparação com 2017, o valor exportado caiu 27,8%. Por detrás da queda está a paralisação no funcionamento do mineroduto Minas-Rio, da Anglo American, em março do ano passado, após dois rompimentos na estrutura de 529 quilômetros de extensão que liga Conceição do Mato Dentro (MG) ao Porto do Açu. O mineroduto voltou a operar apenas em 21 de dezembro. Isso explica porque em dezembro os tubos flexíveis de metal responderam por 82% da receita de exportações do Porto do Açu. Outros 17% foram resultantes de vendas externas de petróleo.

"Até outubro, novembro o petróleo praticamente não aparecia [nas exportações]", conta Alcimar das Chagas, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e autor do livro "A economia norte fluminense: análise da conjuntura e perspectivas."

Nos últimos anos, o Açu vem reforçando sua atuação no segmento de óleo e gás. De acordo com a assessoria de imprensa do porto, a Açu Petróleo - empresa responsável pelo terminal de petróleo - realizou no ano passado 40 operações do tipo ship-to-ship (transferências de petróleo ou derivados entre navios-tanques). O número representa alta de 235%, quando comparado com 2017. Com isso, a empresa totalizou 60 operações desde o início das suas atividades, em 2016.

Em janeiro, o Açu contabilizou US$ 17,81 bilhões em exportações, valor 142,1% superior ao registrado em janeiro de 2018, segundo dados do antigo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) compilados por Chagas. A maior parte dos embarques foi novamente de tubos flexíveis destinados à Holanda.

Nos últimos anos, o porto instalado no Norte Fluminense vem reforçando a atuação no segmento de óleo e gás

A origem do porto remonta ao início dos anos 2000, quando o projeto em São João da Barra era visto como alternativa par a saturação de Macaé, ponto nevrálgico da indústria petrolífera fluminense. À época, o empreendimento estava orçado em US$ 100 milhões, investimento que deveria ser dividido em partes iguais entre o governo, a Petrobras e o setor privado. O projeto não foi adiante.

Em 2006, no governo de Rosinha Garotinho, o então secretário de Estado de Energia, da Indústria Naval e do Petróleo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Wagner Victer, levou a proposta do novo porto ao empresário Eike Batista, lembra Chagas.

Eike comprou a ideia e a construção do Porto do Açu começou em outubro de 2007. "O mineroduto é praticamente uma linha reta entre o porto e Conceição do Mato Dentro [onde Eike tinha originalmente reservas de minério de ferro]", diz Chagas, professor da cadeira de economia do curso de engenharia de produção. Com o colapso do império de Eike, o empreendimento passou a ser controlado pelo fundo americano EIG Global Energy Partners, atuante nos setores de energia e infraestrutura. É o EIG quem detêm o controle da Prumo Logística, empresa responsável pelo Açu.

Em funcionamento desde 2014, o terminal de minério de ferro do Porto do Açu é operado pela Ferroport, uma joint venture entre Anglo American (50%) e Prumo (50%). Com capacidade para movimentar 26,5 milhões de toneladas de minério por ano, o terminal alcançou 18 milhões de toneladas movimentadas em 2017 - 600 mil toneladas a mais do que no ano anterior e o dobro de 2015.

Além do terminal de minério de ferro, o porto dispõe de outros dez, incluindo um dedicado ao transbordo de petróleo e um multicargas. Dados do MDIC, hoje parte do Ministério da Economia, indicam que o auge do Açu foi 2016, quando suas exportações somaram US$ 715,3 milhões, superando o Porto de Itaguaí, centro exportador já consolidado de minério de ferro. No ano passado, como consequência da paralisação nas atividades do mineroduto, o total de exportações do Açu foi quase quatro vezes menor do que o do Porto de Itaguaí (US$ 1,36 bilhão).

Apesar da queda nas exportações em 2018, a assessoria do porto informa que o terminal multicargas do Açu encerrou o ano com 656 mil toneladas movimentadas, um aumento de 16% se comparado a 2017 e 12 vezes mais do que o movimentado em 2016, quando o terminal foi inaugurado.

Fonte: Valor