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Aumento na produção da Petrobras traz otimismo para setor de petróleo no país


Para especialistas, pré-sal pode ser motor para retomar crescimento. Relatório da Opep reforça

O período de turbulência para o setor de petróleo brasileiro pode estar próximo ao fim. Foram muitos os motivos que contribuíram para as dificuldades do segmento petrolífero. A deflagração da Operação Lava Jato, em 2014, e a queda expressiva do preço dos barris no mercado internacional, que chegou a atingir US$ 30 no início deste ano, são alguns deles. Nos últimos dias, no entanto, notícias positivas animaram investidores e representantes do setor. Na última segunda-feira (11), a Petrobras informou que bateu recorde mensal de produção de petróleo em junho. A média foi de 2,9 milhões de barris por dia. A produção na camada do pré-sal avançou 8%, para 1,24 milhão de barris, também atingindo marca inédita.

Números do pré-sal continuam chamando atenção. Em 2015, a produção de petróleo dessas reservas atingiu, pela primeira vez, a marca de 767 mil barris por dia. O resultado, maior da história da Petrobras, teve crescimento de 56% em relação ao ano anterior. No ano passado, dos 2,128 milhões de barris produzidos por dia, um terço era referente ao pré-sal.

Paralelamente, a Opep divulgou relatório na última terça-feira (12), apontando que o Brasil será o país, fora da organização, que apresentará maior aumento da produção em 2017.

>> Brasil será país fora da Opep com maior aumento da produção em 2017

Para Luiz Pinguelli, professor emérito da Coppe-UFRJ e ex-presidente da Eletrobras, a exploração das reservas sob rochas salinas pode ser a alavanca para a retomada do crescimento da Petrobras e para o setor de petróleo de maneira geral. "A Petrobras tem aumentado a produção constantemente e isso vem de algum tempo. Mais que questões gerenciais, isso ocorre por conta do pré-sal e vai continuar da mesma maneira, com tendência ao aumento da produção", afirmou.
Plataforma da Petrobras
Plataforma da Petrobras

O professor Adilson Oliveira, do Instituto de Economia da UFRJ, também compartilha a ideia de que a maior estatal brasileira segue uma trajetória positiva. "A Petrobras caminha para, no médio prazo, voltar a ficar de pé. A notícia de que houve um incremento na produção de derivados de petróleo e gás natural traz confiança para o setor. Isso vai se refletir no problema das ações da empresa na bolsa de valores. Isso tudo é positivo e devemos olhar com certo otimismo", declarou o docente.

Em fevereiro deste ano, o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei (PLS) 131/2015, de autoria de José Serra (PSDB-SP), que revoga a participação obrigatória da Petrobras no modelo de partilha para exploração do petróleo na camada do pré-sal. À época, defensores da proposta legislativa argumentavam que a empresa não poderia arcar, sozinha, com os custos com a extração do produto.

O tema não é consenso entre especialistas. Para Pinguelli, o projeto prejudica a economia nacional e teria interesses de empresas e grupos internacionais. "Essa emenda tem a intenção de retirar a Petrobras da produção. É entreguismo total", apontou o professor universitário.

Já Oliveira destaca que, com esse projeto de lei, o governo brasileiro vai ter a chance de escolher quando vai participar da exploração. "O fato mais relevante é que a Petrobras vai escolher se vai participar ou não. Acredito que serão poucas as empresas privadas que vão ter interesse em entrar em projetos sem a Petrobras, é um parceiro natural por conta da sua excelência",

Para o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), o mercado de petróleo no Brasil ainda passa por alguns entraves. A instituição defende a definição de regras para a unitização, quando uma descoberta de petróleo e gás perpassa limites do campo e a acumulação avança para áreas de outra empresa ou da União, a regulamentação da cláusula de waiver, que permite o não cumprimento da meta de conteúdo local em casos de ausência do produto no mercado brasileiro, e a aprovação do projeto 131/2015 na Câmara dos Deputados.

Por meio de nota, o IBP ressaltou que o leilão anunciado para o próximo ano é uma grande oportunidade para o setor, uma vez que deve ter mais atratividade caso se concretize o fim do operador único.

O professor Adilson Oliveira destacou que, nesse momento de incertezas provocadas pela crise econômica, o pré-sal pode ter um papel importante para a economia brasileira. "A nossa indústria passa por uma situação muito difícil. Uma retomada do desenvolvimento da produção de petróleo no Brasil pode ser decisivo para a retomada do emprego", concluiu.

Fonte: Jornal do Brasil