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Indicação de Parente para Petrobras entusiasma mercado, mas sindicatos reagem


A indicação de Pedro Parente para a presidência da Petrobras foi bem recebida pelo mercado financeiro e representantes da indústria, mas deve encontrar forte oposição de sindicalistas, que discordam ideologicamente do governo federal e do direcionamento que tem sido dado à estatal.

Parente teve seu nome anunciado pelo governo, acionista controlador da Petrobras, na noite de quinta-feira, quando prometeu em uma entrevista coletiva em Brasília que terá uma gestão "estritamente profissional", sem indicações políticas.

"Pedro Parente representa um salto de qualidade na gestão da Petrobras", disse à Reuters Roberto Castello Branco, conselheiro da Petrobras em 2015 --durante a gestão do atual presidente, Aldemir Bendine-- e ex-diretor-financeiro da Vale.

Castello Branco, atualmente diretor-institucional da Fundação Getulio Vargas (FGV), destacou ainda que Parente é uma "pessoa séria" e experiente no governo.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), que representa as petroleiras no país, enviaram notas à imprensa comemorando a escolha do executivo feita pelo presidente interino Michel Temer.

Nesta sexta-feira, as ações preferenciais da Petrobras subiam cerca de 1,5% às 13:38.

O analista da corretora Brasil Plural Caio Carvalhal destacou que Parente é visto como "market friendly" e com experiência em empresas que enfrentam reestruturação.

Além disso, é conhecido por sua experiência em empresa de capital aberto e no governo.

Formado em engenharia, Parente, 63, foi ministro do Planejamento e da Casa Civil no governo do ex-presidente de Fernando Henrique Cardoso. Ele também presidiu a unidade brasileira da trading de commodities Bunge e atualmente é chairman da BM&FBovespa.

Segundo o Carvalhal, as expectativas se voltam agora para as sinalizações do futuro presidente, como para a política de preços de combustíveis, desinvestimentos e aumento de capital.

A permanência do diretor-financeiro, Ivan Monteiro, também seria positiva, na avaliação de Carvalhal, já que ele está "profundamente envolvido nos processos de desinvestimento e redução de custos", ambos muito importantes para a empresa.

O nome de Parente será levado para a avaliação do Conselho da Petrobras na próxima segunda-feira, quando ele poderá se tornar também um membro do colegiado.
Sindicatos

Entretanto, não são todos que estão comemorando o nome de Parente. Os sindicatos de funcionários reagiram fortemente e estudam manifestações na próxima segunda-feira.

"Acho lastimável a indicação de Pedro Parente, não poderia ter uma pessoa pior", afirmou à Reuters José Maria Rangel, ex-conselheiro da Petrobras representante dos funcionários e coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

A FUP é historicamente ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), da presidente afastada Dilma Rousseff, embora recentemente a federação tenha se tornado uma grande crítica de medidas tomadas pela presidente, como o bilionário plano de desinvestimentos da petroleira colocado em curso em 2015.

No ano passado, a FUP liderou a maior greve dos trabalhadores dos últimos 20 anos, contra a venda de ativos da estatal.

"É inadmissível termos no comando da empresa um ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso que chancelou processos de privatização e tem em seu currículo acusações de irregularidades e improbidade na administração pública", disse a FUP em nota.

Fonte: Época Negócios