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Petrobras capta US$ 6,75 bilhões em sua volta ao mercado global de bônus


A Petrobras captou US$ 5 bilhões com a venda do bônus de cinco anos, oferecendo um rendimento de 8,625%, e US$ 1,75 bilhão com o título de 10 anos com rendimento de 9%. A demanda pelos títulos superou US$ 20 bilhões, de acordo com três fontes envolvidas diretamente na operação. Eles pediram anonimato pois os termos da emissão ainda são confidenciais.

A companhia anunciou também na terça-feira, 17/05, plano de recompra de até US$ 3 bilhões de  em bônus que vencem em 2018 e cupom de 8,375%. O acordo está sujeito ao consentimento da maioria dos detentores de bônus, que também terão que dar permissão para mudanças nos termos contratuais dos papéis, disse a empresa.

Os novos títulos foram classificados com a nota "B3" pela agência de risco Moody's, seis níveis abaixo do grau de investimento. A Moody's disse que a classificação considerou a erosão da liquidez da empresa, fluxo de caixa livre negativo, alta alavancagem financeira, risco de desvalorização do real e os desafios operacionais em ambiente industrial e econômico difícil.

Antes do escândalo de corrupção investigado pela operação Lava Jato, a Petrobras tinha um rating superior ao do governo brasileiro. A operação também marca o primeiro teste do sentimento do investidor em relação ao Brasil desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff na semana passada

A oferta é a primeira da Petrobras no mercado global de dívida desde 1º de junho, quando a empresa colocou 2,5 bilhões de dólares de títulos com vencimento em 2115.

A última empresa brasileira a vender dívida para investidores internacionais foi a fabricante de aviões Embraer, que vendeu 1 bilhão de dólares em bônus de 10 anos em 8 de junho, de acordo com dados da Thomson Reuters.

A Petrobras disse que os recursos líquidos da venda dos bônus sem garantia serão utilizados para financiar a recompra de títulos. A Petrobras tem cerca de 54 bilhões de dólares em títulos em circulação.

Inicialmente, a Petrobras ofereceu pagar rendimento de cerca de 8,75 por cento no título de cinco anos e 9,125 por cento no título de 10 anos, disseram as fontes.

As ações preferenciais da Petrobras caíram 2,56 por cento nesta terça, por preocupações com o custo da captação, segundo operadores.

O custo do seguro da dívida da Petrobras contra default por cinco anos caiu 7 pontos básicos para 736 pontos básicos nesta terça-feira, de acordo com os preços do Markit.

"A Petrobras precisa acessar o mercado, uma das questões mais urgentes da empresa é de liquidez", disse Eduardo Vieira, analista da Deutsche Bank Securities em Nova York.

Para o analista, a oferta da Petrobras pode ajudar a pavimentar o caminho para outras empresas brasileiras levantarem dinheiro no mercado de bônus, movimento que poderia se beneficiar do afastamento da presidente Dilma Rousseff e de uma avaliação de que o novo governo vai adotar políticas mais favoráveis aos negócios.

A reabertura dos mercados de dívida para as empresas brasileiras será "muito gradual", acrescentou Vieira.

 

ALTO CUSTO

Na última vez que vendeu títulos de 5 e 10 anos, em março de 2014, pagou em juros 4,875 e 6,256 por cento, respectivamente.

A Petrobras, que durante anos foi utilizada para segurar a inflação ao manter os preços dos combustíveis estáveis, poderia se beneficiar mais com a mudança de governo.

A presidente Dilma Rousseff foi afastada do cargo na semana passada por até 180 dias, após o plenário do Senado Federal aprovar a abertura de processo de impeachment.

O presidente interino Michel Temer anunciou até agora planos para reorganizar o orçamento e reduzir os gastos de longo prazo.

Na semana passada, o diretor financeiro da petroleira, Ivan Monteiro, afirmou em uma teleconferência para discutir os resultados do primeiro trimestre da Petrobras que uma eventual reabertura do mercado pode ajudar a empresa a pagar as dívidas que vencem dentro dos próximos cinco anos.

Petrobras tem 33 bilhões de dólares em títulos que vencem nos próximos cinco anos, ou cerca de 60 por cento da dívida em bônus em circulação.

"Precisamos nos adaptar à realidade de que não somos mais uma empresa de grau de investimento", disse Monteiro na semana passada. "O custo aumentou."

A Petrobras contratou o banco de investimento do Banco do Brasil para coordenar a transação, assim como JP Morgan, Bank of America Merrill Lynch e Santander.

Fonte: G1