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Petrobras reduz investimentos no Comperj e adia início da operação


Após anunciar um "impairment" (baixa contábil por redução no valor recuperável do ativo) de R$ 5,281 bilhões, no quarto trimestre de 2015, devido em parte à postergação da refinaria do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) para 2023, a Petrobras sinalizou que deve reduzir o ritmo dos investimentos também nas unidades de processamento de gás natural (UPGNs) que estão sendo instaladas no local. A estatal já admite que as UPGNs do Comperj devem ser adiadas em dois anos e só ficarem prontas em 2019, e não mais em 2017, como previsto no atual plano de negócios.

No ano passado, a companhia informou que buscava um sócio para a conclusão da refinaria, mas que iria tocar com recursos próprios as obras das UPGNs, que visam tratar o gás natural do pré-sal. No entanto, após investir R$ 2,2 bilhões no Comperj em 2015, sobretudo na construção das centrais de utilidades (unidades de geração de vapor e energia, tratamento de efluentes e água), a petroleira decidiu alongar o cronograma das unidades de processamento de gás.

De acordo com dados do relatório de administração da Petrobras, divulgado na sexta-feira pela estatal, o adiamento das unidades de processamento acompanha a revisão do cronograma do gasoduto Rota 3, que escoará o gás do pré-sal até as UPGNs.

Com essa postergação, cresce a chance de o leilão do projeto Guapimirim-Itaboraí, o primeiro gasoduto indicado para licitação sob o regime de concessão no país, só ser retomado entre 2017 e 2018. Conforme antecipado pelo Valor, na semana passada, a redução do ritmo dos investimentos da Petrobras e os desdobramentos da Lava-Jato emperraram de vez o processo licitatório e o Ministério de Minas e Energia já cogita rever o projeto e recomeçar do zero a rodada.

O leilão estava previsto inicialmente para 2015, mas a licitação foi suspensa depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou erros no cálculo dos custos do gasoduto. Desde então, as pendências não foram resolvidas e a licitação entrou em banho-maria enquanto a Petrobras não definia o novo cronograma das UPGNs.

Como o gasoduto Guapimirim-Itaboraí, de apenas 11 quilômetros de extensão, deve levar 13 meses para ficar pronto, desde o início das obras, não há mais necessidade para licitação do empreendimento até pelo menos este ano. O projeto visa transportar o gás tratado nas UPGNs do Comperj até a malha interligada de gasodutos, mas depende da conclusão das unidades de processamento, que terão capacidade para processar 21 milhões de m3 /dia.

Fonte: Valor Econômico