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Keppel diz que não trabalha mais com Sete Brasil até receber


A Keppel, líder mundial na construção de plataformas para exploração de petróleo, disse que não vai trabalhar novamente com um importante cliente do Brasil até que a empresa volte a fazer os pagamentos de seus pedidos.

A Sete Brasil, envolvida em uma investigação sobre corrupção e avaliando se deve pedir recuperação judicial, parou de pagar as encomendas de plataformas ao fabricante sediado em Cingapura no ano passado. A Keppel anunciou em janeiro baixa contábil de 230 milhões de dólares de Cingapura (US$ 170 milhões) em projetos inadimplentes.

"A Keppel parou a construção de plataformas da Sete Brasil desde o final de 2015 e não vai retomar a construção até que o pagamento recomece," disse o CEO Loh Chin Hua em um comunicado. A Keppel reportou uma queda no lucro líquido do primeiro trimestre. O Brasil "continua atolado em desafios econômicos e políticos e com o escândalo de corrupção investigado pela Lava Jato. Acionistas da Sete Brasil ainda têm de chegar a uma decisão sobre o futuro da empresa."

A presidente Dilma Rousseff está por um fio após a Câmara dos Deputados votar a favor de seu impeachment, ameaçando encerrar 13 anos de governo de esquerda. Muitos brasileiros dizem que estão fartos da corrupção revelada pela investigação da Lava Jato que paralisou o Congresso e aprofundou a pior recessão em mais de um século.

Para a Keppel e a Sembcorp Marine, dois maiores construtores mundiais de plataformas de petróleo, os problemas no Brasil se somam aos causados pela queda no preço do petróleo. A queda do petróleo bruto derrubou pedidos à Sembcorp Marine, que obtém quase todo seu lucro da construção de plataformas de petróleo. A Keppel obtém cerca de metade do seu lucro com esse negócio. A Sete Brasil responde por um total combinado de US$ 10,5 bilhões em encomendas de semi-submersíveis e navios de perfuração nas duas empresas.


O petróleo bruto caiu abaixo de US$ 30 o barril em janeiro e especulou-se que poderia cair até US$ 15 em 2016. Ambas as companhias anunciaram planos em 2010 - quando o petróleo era negociado acima de US$ 80 o barril - para a construção de novos estaleiros no Brasil.

Mais de US$ 400 bilhões em projetos de energia propostos foram adiados desde meados de 2014 e empurrados para 2017 e além diante da queda dos preços do petróleo, de acordo com a empresa de consultoria Wood Mackenzie.

"O ambiente de baixo preço do petróleo continua a prejudicar a indústria global de petróleo e gás, que está no meio de uma das crises mais graves nos últimos anos", disse o CEO Loh no comunicado.

Na segunda-feira, a Keppel disse que o lucro líquido do primeiro trimestre caiu 41 por cento, para 211 milhões de dólares de Cingapura, enquanto as vendas caíram 38 por cento, para 1,7 bilhões de dólares de Cingapura.

Empresas petrolíferas e operadoras de plataformas enfrentam aumento das dívidas e cortes dos gastos. Muitas desistiram de encomendas ou pediram que os estaleiros adiassem as entregas de plataformas de perfuração em alto-mar e outros equipamentos de produção. Isso causou prejuízos ou queda dos lucros para os estaleiros, que deram baixa contábil em projetos em construção. A demanda vem diminuindo, uma vez que o barril de petróleo é negociado atualmente por menos da metade do preço de três anos atrás.

Fonte: Uol Economia