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Omã aposta em projetos no Brasil


São Paulo - Aumentar os investimentos no Brasil é um dos objetivos da visita ao País da delegação de Omã liderada pelo ministro da Indústria e Comércio da nação árabe, Ali Al-Sunaidy. Em seminário para empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na quarta-feira (03/02), ele afirmou que deseja ampliar o volume de recursos de Omã no Brasil nos próximos anos.

“Vou visitar empresas nos próximos dias, há oportunidades aqui”, afirmou o ministro. Sunaidy declarou também que empresas brasileiras podem aproveitar a localização estratégica e a infraestrutura dos portos omanitas para ampliar o alcance dos seus produtos no Golfo. Ele acrescentou que Omã pretende ampliar sua presença nos setores de polietileno (plástico), minerais, como o mármore, e turismo.

O embaixador de Omã no Brasil, Khalid Al-Jaradi, destacou que os dois países têm boas relações diplomáticas, mas sua parceria comercial está aquém do esperado. “O fundo soberano de Omã tem investimentos indiretos no Brasil, mas ainda estamos longe de alcançar o potencial dos dois países. Há um fraco e quase inexistente intercâmbio turístico, poucas notícias sobre os países na imprensa local de cada um deles, pouco intercâmbio de estudantes, poucas exportações de Omã para o Brasil e poucos investimentos diretos de Omã aqui”, afirmou. “Esta visita (da delegação) é a chance real de conhecer oportunidades de investimento e é o primeiro passo de vários na construção de uma ponte entre os dois países.”

O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Marcelo Sallum, afirmou que há medidas que podem facilitar a aproximação econômica entre os dois países. “É possível adotar medidas de facilitação de investimentos e a redução da bitributação (quando uma mesma negociação é tributada no país de origem e no país de destino)”.

Após as apresentações de Sallum, Jaradi e Sunaidy, o gerente comercial da BRF, Matheus Patury Carneiro Leão, apresentou as características do mercado omanita para o setor de alimentos. A secretária de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Tatiana Palermo, afirmou que o crescimento da demanda por alimentos na Ásia deverá impulsionar as exportações do Brasil para a região e ressaltou que Omã e seus vizinhos do Golfo deverão ter participação estratégica neste negócio. Ela destacou também que o Brasil precisa de investimentos em logística.

“Omã pode ser um parceiro, estamos em contato com países na região do Golfo sobre investimentos. Eles buscam uma forma de ser ‘hub’ (polo de distribuição) e nós buscamos forma de desenvolver nossa infraestrutura. Precisamos de infraestrutura moderna que corresponda à produção crescente do arco norte (região que compreende Bahia, Maranhão, Amazonas e Pará)”, disse Palermo à ANBA.

O vice-presidente do Porto de Sohar, onde a Vale tem uma unidade de pelotização de minério de ferro em Omã, Jamal Mohamed Aziz, afirmou que o porto oferece condições e infraestrutura para distribuir produtos em todo o Oriente Médio. Da delegação participa também o diretor de investimentos do Fundo Geral de Reserva do Estado (SGRF, na sigla em inglês), fundo soberano de Omã, Mulham Al Jarf.

Ao fim do seminário, o diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, afirmou que Omã tem adotado uma postura econômica “agressiva” de se aproximar do Brasil, o que pode ser bom para os dois países. “É importante que eles venham para cá, conhecer nosso País e seu potencial. E os brasileiros, por sua vez, podem conhecer as estruturas que lhes permitirão se internacionalizar. Essa iniciativa deles pode fortalecer o relacionamento econômico”, disse.

Agenda

O ministro chegou ao País na noite de terça-feira (02) para uma série de eventos e encontros. Na manhã de quarta, ele esteve na Câmara Árabe, onde ocorreu uma rodada de negócios entre empresas brasileiras e omanitas. Ainda na capital paulista, Sunaidy teve reuniões com o vice-governador do estado, Márcio França, e com o vice-presidente Michel Temer.

Uma das empresas omanitas que participou da rodada na Câmara é a International Business Development Group (IBD), que quer estabelecer parcerias com empresas brasileiras para a realização de projetos de energias renováveis em seu país. “Nosso objetivo aqui é capitalizar com a experiência, capacidade de produção e os avanços que o Brasil tem no setor de energia renovável, como energia solar e eólica”, afirmou o diretor-gerente do grupo, Mohamed Al-Marjabi.

O grupo tem interesse em atuar também na redução de riscos nos serviços de petróleo e gás no Brasil. A holding tem seus negócios centrados principalmente em serviços e equipamentos para os setores de petróleo e gás, além de consultoria de negócios, produtos e serviços de telecomunicação.

A empresa atua ainda na área de construção de refinarias e tem interesse em parcerias com companhias do Brasil. “Temos uma empresa de engenharia, que é a única que implementa refinarias em Omã”, destacou Marjabi.

Na quinta-feira (04/02), em Brasília, Sunaidy participou da primeira reunião da Comissão Mista Bilateral Brasil – Omã, no Itamaraty, e teve encontros com os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, e da Agricultura, Kátia Abreu.

*Colaborou Aurea Santos

Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe