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Comperj ja acumula 37 mil demissões e expectativa de trabalhadores é que obras seja retomadas em março


O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, era para ser um dos maiores empreendimentos da Petrobrás, em investimento e importância.

O projeto contemplava uma unidade de refino com capacidade de processamento de 165 mil barris de petróleo por dia, além de uma unidade de petroquímicos básicos de primeira geração – eteno, benzeno, p-xileno e propeno – e seis unidades de petroquímicos de segunda geração.

Diversos fatores, no entanto, fizeram o projeto não alcançar todo o seu potencial. A descoberta dos esquemas de corrupção dentro da Petrobrás, revelados pela Operação Lava Jato, envolvendo diversas empresas com contratos no Comperj, o alto endividamento da estatal, a baixa do preço do barril de petróleo e a alta do dólar foram alguns deles.

A própria Petrobrás resolveu que somente a Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) será finalizada dentro do Plano de Investimentos 2015-2019, mas até mesmo essa obra está tendo dificuldades para seguir adiante.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Empregados nas Empresas de Manutenção e Montagem Industrial de Itaboraí (Sintramon), Marcos Hartung, a Petrobrás definirá o futuro desta obra até o final deste mês, com expectativa de volta aos trabalhos em março.

A retomada da UPGN, no entanto, em nada se compara à toda expectativa criada em torno do Comperj no passado. Se já estiveram trinta e oito mil trabalhadores mobilizados nos canteiros de obras, hoje não chegam a mil pessoas.

Boa parte dos que ficaram desempregados por conta da redefinição de prioridades e suspensão de pagamentos estão na Justiça buscando seus direitos, como recisões contratuais e salários atrasados, com o apoio do Sintramon.

Os impactos são sentidos por todos da região, envolvidos nas obras do Comperj ou não. “Vários investimentos foram parados na metade, prédios comerciais que foram inaugurados estão vazios, aluguéis estão sendo negociados a preços muito baixos e até mesmo a saúde e educação públicas foram afetadas”, disse Hartung.

Como está a situação das obras no Comperj?

As obras do Comperj estão praticamente paradas. O Plano de Negócios da Petrobrás para os próximos anos incluiu a finalização da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), mas até mesmo essa obra está parada por questões financeiras.

Qual a expectativa para retomada da obra da UPGN?

O que nos foi passado é que até o final de janeiro haverá uma definição sobre o futuro da UPGN. Ainda não sabemos se alguma empresa parceira da Petrobrás irá assumir a obra ou se será escolhida uma empresa no mercado, com recursos suficientes para concluir os trabalhos. O início das obras, no entanto, ainda pode demorar um pouco mais. A posição da Petrobrás é de que em março os trabalhos serão retomados, mas o tempo de engenharia pode atrasar para abril ou maio.

O que o consórcio responsável pela UPGN alegou para deixar os trabalhos?

O consórcio da Queiroz Galvão ganhou a licitação porque apresentou um preço muito abaixo do de mercado, mas a crise do petróleo e a alta do dólar acabaram atrapalhando a empresa. Diversos equipamentos usados na obra são importados, o que acabou elevando os custos, passando do valor original do projeto.

Que projetos estão sendo desenvolvidos no Comperj atualmente?

Algumas poucas empresas ainda estão atuando, em questões internas, voltadas para o desenvolvimento de infraestrutura, como algumas tubulações que continuam sendo feitas para ligar o Comperj à Refinaria Duque de Caxias.

Essas obras envolvem quantos trabalhadores? Quantas pessoas já estiveram nos canteiros do Comperj?

Hoje, menos de mil pessoas da nossa categoria estão trabalhando no Comperj, sem contar os trabalhadores ligados a manutenção patrimonial, limpeza, alimentação e da própria Petrobrás. O número é muito menor que os trinta e oito mil trabalhadores que já passaram pelo Comperj.

O Sintramon está representando trabalhadores do Comperj em alguma ação na Justiça? Contra quem?

Nós estamos apoiando em algumas reclamações trabalhistas contra empresas que quebraram. O caso mais emblemático é o da Alumini, que está sendo acionada na Justiça por 2.500 trabalhadores. Um acordo já foi alcançado em uma reunião e esperamos que a primeira parcela seja paga até a próxima sexta-feira (29). A segunda parcela está prevista para o próximo dia 5 de fevereiro. São valores relativos a salários atrasados e rescisões contratuais. A GDK é outra empresa que responde processos trabalhistas pelos mesmos motivos e nós também estamos negociando com a empresa e representantes da Justiça em nome dos nossos sindicalizados.

Como foi recebido o plano de negócios da Petrobrás para os próximos anos?

O projeto do Comperj era algo inovador, bom para o país. Nos colocaria em condições de igualdade para disputar espaço no mercado internacional, tanto na parte de gás como na indústria petroquímica. Com o passar do tempo, o Comperj foi deixando de ser aquilo que estava previsto, o que acaba frustrando a todos. Os impactos do abandono podem ser vistos na cidade, que se encontra praticamente quebrada. Vários investimentos foram parados na metade, prédios comerciais que foram inaugurados estão vazios, aluguéis estão sendo negociados a preços muito baixos e até mesmo a saúde e educação públicas foram afetadas.

Fonte: Petronotícias