Notícias

Robôs voadores substituem plataformistas do setor petroleiro


A inspeção de plataformas petrolíferas é um trabalho arriscado. Tradicionalmente, os plataformistas se penduram com cabos, em meio a vendavais, se necessário, para registrar manualmente os desgastes e danos nas vigas.

As avaliações incluem chaminés gigantescas – as torres do queimador – que expelem fogo durante períodos de inatividade que custam milhões de dólares por dia.

Cada vez mais, o setor está descobrindo que trocar os humanos pendurados por pequenos drones equipados com câmeras térmicas de alta definição pode economizar tempo, reduzir custos e aprimorar a segurança.

“[As plataformas] são grandes estruturas de metal em um grande tanque de água do mar. Elas vão enferrujar muito, particularmente no Mar do Norte, onde plataformas construídas para durar 20 anos estão há mais de 40 anos em atividade.

Elas sofrem continuamente rachaduras e danos físicos provocados pelas ondas e precisam de renovações e consertos”, explica Chris Blackford, CEO da Sky Futures.

A Sky Futures – com sede em Londres – é uma empresa de inspeção com drones especializada no setor de petróleo e gás que conta a BP, a Shell, Apache, BG Group e Statoil entre seus clientes.

Junto com um punhado de outras empresas – como CyberHawk, PrecisionHawk e SenseFly – ela está descobrindo aplicações comerciais para os drones.

“Decidimos nos concentrar no setor de petróleo e gás porque, embora as barreiras de entrada sejam muito altas, há problemas reais para solucionar e os aspectos econômicos eram melhores, apesar do preço extremamente baixo do petróleo”, explica Blackford.

Os negócios, segundo Blackford, estão prosperando. Embora as primeiras inspeções com drones tenham sido realizadas há cinco anos, a demanda pelos serviços da Sky Futures e da Cyberhawk aumentou vertiginosamente, tendo mais que dobrado só no ano passado.

No começo de 2015, a Administração Federal de Aviação finalmente relaxou sua posição sobre o voo de drones no espaço aéreo dos EUA, o que deu a empresas como a Sky Futures acesso ao maior mercado offshore do mundo.

“Vamos continuar duplicando, ou até triplicando, as receitas durante os próximos três a cinco anos”, disse Blackford.

Dados de drones

As inspeções consistem em enviar um operador de drone e um engenheiro para uma plataforma, onde o pequeno veículo aéreo voará ao redor da plataforma, construindo um modelo tridimensional da estrutura e mapeando quaisquer anomalias.

“O que conseguimos registrar em cinco dias usando um drone poderia demorar oito semanas com inspetores humanos”, acrescenta ele. “Podemos inclusive inspecionar a torre do queimador em funcionamento, o que economiza dinheiro”. Evitar uma interrupção poderia gerar uma economia de mais de US$ 4 milhões, disse a empresa.

Despois da coleta dos dados, eles são analisados com algoritmos patenteados e apresentados em um portal virtual – em vez do relatório tradicional em papel.

Cada falha é sinalizada em vermelho, âmbar ou verde, conforme a urgência. Graças aos lasers, os drones da Sky Futures podem detectar rachaduras e corrosões, e mapear a evolução delas com o tempo. Eles podem até farejar vazamentos de gás.

A CyberHawk, fundada em 2008 em Livingston, Escócia, oferece um serviço semelhante para empresas de petróleo e gás, e também a inspeção de usinas de energia renovável com turbinas eólicas, de torres de comunicação, de linhas ferroviárias e de pontes.

O diretor comercial da Cyberhawk, Phil Buchan, disse que seus clientes não ligam para os drones, só para os dados. “Eles se importam com a informação que você oferece e com as decisões que você lhes ajuda a tomar”.

Blackford concorda: “Consideramos que somos uma empresa de dados, não uma empresa de drones”.

Automação

O próximo objetivo para os drones inspetores é a automação do voo. “Ainda é necessário enviar um engenheiro de inspeção de petróleo e gás e um piloto de drone. Nós buscamos a automação completa”, disse Blackford.

Além do setor de petróleo e gás, há muitas outras aplicações para esses inspetores voadores.

“A indústria de petróleo e gás é um grande mercado vertical, mas essa tecnologia também se aplica a muitos outros setores: parques eólicos e solares, outras refinarias, oleodutos e outras infraestruturas fixas”, explica Simon Menashy, diretor de investimento da empresa de capital de risco MMC Ventures, que investiu US$ 4 milhões na Sky Futures em maio.

Isso, antes de começar a olhar para a construção civil e a agricultura. “Há muitas oportunidades”, acrescentou.

Fonte: Exame