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Petrobras vai rever lista de empresas fornecedoras


Plano de negócios reduziu investimentos em 37% entre 2015 e 2019.
Objetivo é diminuir a alavancagem da dívida, diz presidente.

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou na segunda-feira (29/06), que a empresa vai revisar os cadastros de seus fornecedores "para que haja segurança na execução de projetos". Porém, ele afirmou que a medida não tem relação com as investigações da Operação Lava Jato, que desarticulou um cartel de empreiteiras que prestavam serviço para a estatal.

A declaração foi feita durante a apresentação do novo plano de negócios e investimentos, que tem como meta frear o endividamento da companhia. O endividamento líquido da Petrobras saltou de R$ 282 bilhões no término de 2014 para R$ 332 bilhões no final do 1º trimestre deste ano.

PRINCIPAIS PONTOS DO PLANO:

Venda de ativos: a empresa vai vender bens para melhorar sua situação financeira. O montante de venda previsto para 2015 e 2016 soma US$ 15,1 bilhões, sendo 30% em exploração e produção, 30% no setor de abastecimento e 40% em gás e energia.

Produção de petróleo: houve redução na meta de produção para 2020. No Brasil, a estimativa de produção de óleo e gás foi revisada de 4,2 milhões de barris diários para 2,8 milhões. Na produção total no país e no exterior, o número foi reduzido de 5,3 milhões para 3,7 milhões barris diários.

Redução do endividamento: a relação entre endividamento líquido e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deverá cair para três vezes até 2018 e para 2,5 vezes até 2020. A estatal registrou índice de 3,86 vezes no fim de março de 2015.

Novos sistemas de produção: a maior parte dos investimentos (US$ 108,6 bilhões) será na área de exploração e produção. Deste valor, 86% serão destinados ao desenvolvimento da produção, 11% na exploração e 3% em suporte operacional. Serão investidos US$ 64,4 bilhões em novos sistemas de produção no Brasil – 91% no pré-sal.

“Serão aplicadas regras de compliance (governança) e medidas protetivas de maior robustez com fornecedores para dar segurança na execução de projetos. Vai ser feito de uma forma ampla, caso não tenhamos capacidade de fazer isso no Brasil, podemos buscar alternativas até no mercado externo”, disse o presidente da Petrobras.

O Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 prevê US$ 130,3 bilhões em investimentos – uma redução de 37% na comparação com o plano anterior, de 2014 a 2018.

Ele foi aprovado na sexta-feira (26) pelo Conselho de Administração da estatal e divulgado nesta segunda ao mercado.

"Fizemos um plano robusto, bastante realista diante da nova realidade do setor de petróleo e gás. Todas as majors têm feito uma redução no plano de investimento para reduzir sua dívida", afirmou Bendine.

O presidente da estatal destacou que o plano de negócios 2015-2019 foi elaborado com as premissas de ter o preço médio do Brent em US$ 60 o barril e a taxa de câmbio entre R$ 3,10 a R$ 3,26 em 2016.

Impacto
Para ele, o maior impacto está ligado à projeção para o mercado de óleo e gás no próximos anos.

“O plano foi elaborado em fins de 2013, quando o preço do Brent estava em grande evolução de US$ 120 o barril. Hoje o barril está na casa de US$ 60, a questão mercadológica é o maior impacto”, disse.

A desalavancagem, segundo o presidente, tem como base a disciplina de capital e reforçar a gestão de desempenho. Seu objetivo é gerar valor para os acionistas, com foco em rentabilidade.

Bendine disse que os cálculos dos valores de desinvestimento foram conservadores e ele acredita que poderá se surpreender. “Tenho expectativa de ser surpreendido positivamente, assim como acredito em antecipação de projetos”, disse.

Leilões
O presidente afirmou ainda que não descarta participar de leilões de petróleo, mas “não está computada no fluxo de caixa uma participação em leilão em 2015”. E leilão de pré-sal, segundo ele, não está no horizonte da empresa nem em curto, nem em médio prazo.

Bendine ressaltou que, dentro do plano, existe margem de financiabilidade para participar de leilões. “Se o negócio interessar, vamos fazer análises técnicas, mas tem que ver a relação custo e benefícios e postergar endividamento”, disse.

Já a possibilidade de capitalização está descartada, explicou ele, afirmando que a empresa trabalha fortemente na geração de caixa e na busca de eficiência e desenvolvimento de novos negócios. O presidente disse ainda que a empresa não vai detalhar seus projetos de desinvestimento.

Conclusão do Comperj
Segundo Bendine, a empresa passa a ver o Compexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) mais como uma refinaria do que como um polo petroquímico. Dessa forma, a Petrobras está reestruturando a obra na parte da refinaria para encontrar um parceiro e concluir o projeto.

“É fundamental ampliar a capacidade de refino. Com parcerias e investidores estratégicos, possa haver a evolução do segundo trem do Comperj e ampliação petroquímica”, disse Bendine.

Jorge Celestino, diretor de Abastecimento, afirmou que a primeira fase e a infraestrutura do Comperj ficam prontos em outubro de 2017. 

A Refinaria Abreu e Lima (Renest) foi replanejada e o segundo trem tem previsão de obras entre 2017 e 2018, entrando em operação em fins de 2018. Dos investimentos em abastecimento, que constam no Plano de Negócios da companhia no período de 2015 a 2019, US$ 1,4 bilhão é destinado ao término da Renest.

Entenda o plano
A maior parte dos investimentos – US$ 108,6 bilhões – será feita na área de exploração e produção. Deste valor, 86% serão destinados ao desenvolvimento da produção, 11% para exploração e 3% em suporte operacional.

Serão investidos US$ 64,4 bilhões em novos sistemas de produção no Brasil – 91% deles no pré-sal.

As ações da Petrobras fecharam em queda de mais de 3% nesta terça. O Ibovespa recuou 1,86%.

Segundo analistas, o novo plano trouxe premissas realistas e um corte de investimentos em linha com o esperado, mas ainda gera incertezas em relação à política de preços dos combustíveis e também sobre como a companhia irá conseguir vender dezenas de bilhões de dólares em ativos.

Endividamento
A relação entre endividamento líquido e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deverá cair para 3 vezes até 2018 e para 2,5 vezes até 2020, afirmou a estatal, que registrou índice de 3,86 vezes no fim de março de 2015.

A companhia disse que projeta alavancagem líquida (relação entre o endividamento líquido e o endividamento líquido somado ao patrimônio líquido) inferior a 40% até 2018 e a 35% até 2020, ante 52% ao fim do primeiro trimestre.

Petrobras reduz investimentos em 37% em novo plano de negócios (Foto: Reprodução / Petrobras)Petrobras reduz investimentos em 37% em novo plano de negócios (Foto: Reprodução / Petrobras)

Venda de ativos
Para melhorar a situação das contas, além de reduzir investimentos, a empresa também pretende vender bens e outros ativos – o chamado desinvestimento.

O montante de venda previsto para este e o próximo ano soma US$ 15,1 bilhões, ante uma estimativa anterior de US$ 13,7 bilhões. Do total, 30% serão em exploração e produção, 30% no abastecimento e 40% em gás e energia.

Entre 2017 e 2018, os desinvestimentos deverão somar US$ 42,6 bilhões, incluindo reestruturação de negócios, desmobilização de ativos (venda de um bem, que poderá ser alugado em seguida) e desinvestimentos adicionais.

Segundo Bendine, por uma questão de "lógica de mercado", a Petrobras não irá detalhar os ativos que serão colocados à venda, como estratégia para não depreciá-los.

“A companhia vai trazer a prerrogativa de não detalhar os ativos por regras do mercado, para não depreciá-los, mas a empresa tem conjunto de ativos belíssimo e a gente entende, após exaustiva avaliação, terá boa procura no mercado. Vai buscar sinergias para poder ter incremento na restabilidade e no ganho, maior eficiência nos custos da companhia, conjunto de medidas não é só venda de ativos, mas desenvolvimento de negócios correlatos”, disse.

Meta de produção é reduzida
A Petrobras também reduziu a sua meta de produção para 2020. No Brasil, a estimativa de produção de óleo e gás foi revisada de 4,2 milhões de barris diários para 2,8 milhões de barris diários. Na produção total no país e no exterior, o número foi reduzido de 5,3 milhões para 3,7 milhões.

"As metas de produção de óleo, LGN (líquido de gás natural) e gás natural no Brasil foram atualizadas, refletindo postergação de projetos de menor maturidade ou atraso na entrega das unidades de produção, principalmente em função de limitações de fornecedores no Brasil", disse a estatal.

"A companhia espera alcançar uma produção total de óleo e gás (Brasil e internacional) de 3,7 milhões de barris de petróleo diários em 2020, ano no qual estimamos que o pré-sal representará mais de 50% da produção total de óleo", acrescentou o comunicado.

Fonte: G1