Notícias

Schain pede recuperação judicial com dívidas somadas em R$ 6,5 bilhões


A decisão já era esperada pelo mercado, mas não deixa de ser um novo impacto para a grave crise da indústria brasileira. O Grupo Schahin oficializou o pedido de recuperação judicial para as 28 empresas que compõem o conglomerado, com dívidas avaliadas em cerca de R$ 6,5 bilhões. Com o pedido, a empresa decidiu também abandonar suas atividades no campo da engenharia e construção para se concentrar na área de petróleo e gás.

De acordo com a Schahin, a situação é fruto principalmente do fechamento dos mercados de crédito nacional e internacional, que impossibilitou o financiamento das atividades das empresas do grupo. A questão é um dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que incluiu a Schahin entre as empreiteiras citadas nos esquemas de corrupção em contratos da Petrobrás, levando à suspensão do grupo do cadastro da estatal.

“Nos últimos meses, todos os esforços possíveis para evitar a recuperação judicial foram feitos — da tentativa de lançar títulos no mercado de capitais e da renegociação de passivos existentes, até o repasse de contratos de obras — infelizmente, sem sucesso”, afirmou a assessoria de imprensa do grupo em nota ao mercado, lamentando também as demissões envolvidas na reestruturação dos negócios.

O pedido de recuperação judicial da Schahin já era dado como certo nas últimas semanas, como antecipou o Petronotícias, principalmente após a decisão da empresa de paralisar cinco sondas de perfuração que estavam em operação para a Petrobrás.

A situação do grupo se segue a uma série de outros processos similares no cenário nacional, com grandes e tradicionais companhias do ramo de construção e montagem fragilizadas. Dentre as que já estão em recuperação judicial em decorrência dos desdobramentos da Operação Lava Jato e da crise na indústria de petróleo, destacam-se OAS, Galvão Engenharia, Alumini, Iesa e Jaraguá, entre outras.

No final de março, a Schahin já vinha tendo problemas com a montagem dos módulos para o FPSO Cidade de Caraguatatuba, quando os trabalhadores da empresa fizeram uma paralisação contra o envio do projeto para a finalização na China. A Modec, que tinha contratado a Schahin, negou que fosse fazer essa transferência e a própria Schahin disse desconhecer a decisão da Modec neste sentido, mas a ideia continua sendo avaliada internamente.

A cascata de empresas em recuperação e/ou em crise financeira na indústria de petróleo nacional está deixando um rastro de dívidas para todos os lados, tanto com bancos, como com fornecedores. Apenas seis das empresas que pediram recuperação judicial nos últimos meses acumulam mais de R$ 21 bilhões em dívidas, atualmente em fase de reestruturação. O grupo OAS é o que passa pelo quadro mais complicado, com dívida de R$ 8 bilhões, seguido agora pela Schahin (R$ 6,5 bilhões) e por mais quatro grandes empreiteiras nacionais: Iesa (R$ 3,5 bilhões), Galvão Engenharia (R$ 1,6 bilhão), Alumini Engenharia (R$ 1 bilhão) e Jaraguá Equipamentos (R$ 700 milhões).

A Schahin Óleo e Gás iniciou suas operações em 1985 com a plataforma autoelevatória North Star I,  com capacidade de perfurar até 5.500 metros de profundidade em lâmina d’água de 60 metros. Ao longo dos anos, expandiu sua presença com as sondas de produção hidráulica e o navio sonda SC Lancer, com capacidade de perfurar até 6 mil metros, operando numa lâmina de 1.500 metros. Mais recentemente, as atividades foram incrementadas com os navios sonda com posicionamento dinâmico Vitária 10.000, Sertão e Cerrado, e com as plataformas de perfuração semissubmersíveis SS Pantanal  e SS Amazônia, com capacidade de perfurar até 7.500 metros, em 2.300 metros de lâmina d’água. Hoje, a empresa executa trabalhos de perfuração, completação e manutenção de poços de petróleo e gás.

Fonte: Petronotícias