Notícias

Petrobras recorre a empresas parceiras para obter melhores condições de crédito


Em crise financeira e sem credibilidade, a Petrobras recorreu às empresas parceiras para conseguir melhores condições de crédito. A estatal estuda, juntamente com suas sócias, utilizar seus nomes e credenciais no mercado para obter financiamento a juros mais baixos, segundo um executivo de uma grande petroleira que pediu anonimato.

Nas conversas, o consenso entre Petrobras e as parceiras é a preocupação com custos e prazos de aquisição de equipamentos. Já há estimativa de adiamento para 2016 de contratação de plataformas que serão utilizadas em projetos comuns. Em paralelo, a estatal tem buscado as sócias para apresentar seu portfólio de desinvestimentos, oferecendo participações e áreas de concessão, inclusive no pré-sal, contou o executivo.

A Petrobras atravessa um período de portas fechadas no mercado, em função da perda do grau de investimento pela agência de classificação de risco Moody's. O rebaixamento agravou a desconfiança em relação à saúde financeira da empresa, que ainda não tem balanço contábil auditado de 2014.

Para fugir dos juros mais altos no crédito, a estatal tem discutido alternativas junto à sócias na exploração e produção de blocos de grande porte no pré-sal. A tomada de crédito em nome das companhias parceiras é uma opção em estudo, mas ainda não há definição.

De acordo com o executivo, a opção de "emprestar" credibilidade à estatal é positiva por limitar o encarecimento dos projetos, que teriam maior custo se o tomador do financiamento for a Petrobras. Em cenário de queda nas cotações internacionais de petróleo, conter os custos é uma obsessão entre as empresas. O apoio também evitaria a paralisação ou atraso em projetos que exigem elevado investimento, mas prometem retornos altos, em curto intervalo de tempo.

Pesa contra, no entanto, o receio por parte das sócias de assumirem um ônus que não pertencem a elas: as dificuldades financeiras decorrentes da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga a existência de um suposto esquema de corrupção na estatal.

Adiamento

O único consenso entre Petrobras e seus parceiros é que os prazos para a aquisição de equipamentos, inclusive de plataformas, serão prolongados por alguns meses. Há previsão de que ao menos uma plataforma, prevista para o final do ano, seja adiada em até quatro meses, para 2016.

As petroleiras estão estudando com mais rigor os cronogramas de cada projeto para tentar definir o melhor momento de contratar os equipamentos. No caso da estatal, especificamente, a preocupação é em ter dinheiro para novos gastos ainda em 2015. Para fazer caixa no curto prazo, a companhia vai melhorar a eficiência de cada plataforma, instalando o maior número possível de poços em cada uma delas. Mas, até para isso, vai precisar adquirir equipamentos.

O desafio é equilibrar a necessidade de adiar ao máximo novos gastos sem atrasar a geração de caixa com futuros projetos que garantam o aumento da produção de petróleo o mais rapidamente possível. Além disso, entra na equação, a projeção de preço do petróleo. As petroleiras estão esperando o melhor momento para ampliar a extração de óleo.

Desinvestimento

Diante da severa restrição financeira, a Petrobras também já está batendo na porta de outras petroleiras para oferecer seus ativos de exploração e produção de petróleo e gás natural. No rol de ativos disponíveis há áreas de grande porte, de importantes reservas de petróleo. Há ofertas para áreas inteiras ou participações em blocos.

"Não são áreas de segundo linha como aquelas que a Petrobras tentou vender no passado", disse o executivo ouvido pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Nos últimos anos, a estatal ofereceu áreas menos atrativas no exterior, em países como Uruguai e Tanzânia.

Para o executivo, a estatal está "testando o apetite" das companhias por áreas de pós e pré-sal, em contratos de concessão obtidos em leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A primeira opção é oferecer às empresas que já compõem sociedades com a estatal, mas outros interessados não estão descartados.

A petroleira Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) sinalizou hoje que tem interesse nas áreas da Petrobras. "Só aguardamos que sejam divulgadas para avaliar se estão dentro da nossa estratégia e capacidade financeira", afirmou o presidente da petroleira, Lincoln Guardado, em teleconferência sobre os resultados da companhia em 2014.

Fonte: Estadão