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Petrobras responderá por explosão, diz ANP; Planalto responsabiliza BW


A Petrobras, como operadora dos campos Camarupim e Camarupim Norte, no Espírito Santo, onde morreram cinco pessoas na explosão de uma plataforma na última quarta-feira (11/02), é a responsável por responder pelas ocorrências na área, disse a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

A autarquia informou ainda na quinta-feira (12/02), por meio de sua assessoria de imprensa, que foi aberto um processo administrativo de investigação para verificar as causas da explosão, indicando que é a operadora da área petrolífera e não a operadora da plataforma, a norueguesa BW Offshore, que responde por acidentes.

O FPSO Cidade São Mateus, onde ocorreu a explosão, é um navio-plataforma de extração de óleo e gás de propriedade da empresa BW Offshore e que presta serviço para a Petrobras.

A sigla FPSO significa, em português, navio-plataforma estocante de produção. Trata-se de uma plataforma de pequeno porte, com a produção de apenas 2,2 mil barris por dia de petróleo em águas rasas. O número corresponde a apenas 0,1% da extração total de óleo da Petrobras.

A explosão levou a presidente da República Dilma Rousseff a emitir um nota pouco comum nesta quinta-feira para reforçar que a assistência aos trabalhadores é de responsabilidade da empresa estrangeira.

"A Petrobras irá cuidar para que a BW preste toda a assistência às famílias envolvidas", disse Dilma em nota.

O incidente, que deixou outros quatro desaparecidos e 25 feridos, ocorreu apenas alguns dias depois de Aldemir Bendine assumir a presidência-executiva da estatal, em substituição a Maria das Graças Foster, que renunciou em meio ao escândalo de corrupção decorrente das investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Bendine assumiu o posto após indicação da presidente Dilma.

PETROBRAS

A Petrobras informou à Folha que criou uma comissão de investigação do acidente para apurar suas causas, pois é "operadora responsável pelas concessões de Camarupim e Camarupim Norte perante a ANP".

Reiterou ainda que está "apoiando a BW Offshore em todas as ações de assistência às vítimas e familiares do acidente ocorrido no FPSO Cidade de São Mateus, de propriedade da BW e alugado pela companhia."

Segundo a empresa, há uma equipe de 583 profissionais da estatal trabalhando "nas operações de contingência".

Desde quinta-feira (12/02), a diretora interina de Exploração e Produção, Solange Guedes, está "coordenando as operações juntamente com a BW na sala de contingência [da estatal] em Vitória, que conta com a participação de representantes da ANP". Guedes representa a direção da empresa, de acordo com a Petrobras.

Em nota no final da tarde de quinta-feira, a ANP informou que ainda não é possível afirmar as causas do acidente e que o local onde ocorreu a explosão está inundado e inacessível.

BW OFFSHORE

A companhia BW Offshore afirmou nesta quinta-feira que todos os cinco trabalhadores mortos na explosão na plataforma no Brasil eram seus funcionários.

Segundo o porta-voz da BW Offshore, Torfinn Buaroey, a "grande maioria" dos trabalhadores da FPSO Cidade de São Mateus era formada por brasileiros. Não havia noruegueses a bordo, acrescentou ele à agência de notícias Reuters.

Entretanto, para o Palácio do Planalto, segundo uma fonte ouvida pela agência, não havia ficado claro o suficiente nas explicações prestadas pela Petrobras que a operação do navio plataforma era de responsabilidade da BW Offshore.

Para a ANP, no entanto, quem responde por ocorrências no campo é a operadora da área petrolífera, ou seja, a Petrobras.

O coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), José Maria Rangel, que ocupou a cadeira do Conselho de Administração da Petrobras em 2013, criticou a iniciativa da estatal de afretar navios.

"Não vou dizer que a Petrobras teria mais força para evitar um acidente como esse, mas o fato concreto é que a Petrobras e os sindicatos que representam seus funcionários têm mecanismos de cobrança de práticas de segurança muito fortes", afirmou.

A Petrobras declarou anteriormente que está dando apoio à empresa operadora da plataforma e que está prestando toda a assistência aos seus funcionários e familiares.

PREOCUPAÇÃO NO EXTERIOR

As declarações da Presidência da República podem não ser bem vistas em um momento em que a petroleira sinaliza depender mais da contratação de empresas estrangeiras em suas operações, já que 23 fornecedoras brasileiras estão impedidas de fechar novos negócios com a estatal, por conta das investigações da Lava Jato.

Além disso, a construção de algumas plataformas próprias da Petrobras em estaleiros brasileiros está comprometida, em meio a problemas financeiros de companhias fornecedoras e também de impasses gerados pelas denúncias de corrupção.

O afretamento de novas plataformas, diante da Lava Jato, pode ser uma solução para evitar atrasos no crescimento da produção, apesar de executivos da companhia já terem afirmado que os investimentos e a curva de produção previstos serão menores que o programado anteriormente.

Em comunicado enviado no fim de dezembro, a petroleira afirmou que buscará fornecedores para garantir procedimentos competitivos o que poderá, eventualmente, envolver estrangeiras.

Fonte: Folha de São Paulo