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Halliburton oferece US$ 38 bilhões por Baker Hughes


A Halliburton anunciou na segunda, 17/11m estar preparada para desfazer-se de várias operações para tentar superar as prováveis objeções das autoridades reguladoras a seu acordo para comprar por US$ 38 bilhões a prestadora concorrente de serviços petrolíferos Baker Hughes.

A preocupação dos investidores de que as autoridades reguladoras possam considerar a aquisição prejudicial à concorrência no setor e a multa de US$ 3,5 bilhões no caso de veto à compra da Baker Hughes levaram as ações da Halliburton a cair 9,4% nas negociações em Nova York, ontem à tarde.

O acordo de aquisição, a ser pago em ações e dinheiro, seguiu-se a um mês de negociações aguerridas entre os líderes das duas empresas, nas quais a Halliburton se preparava para lançar uma oferta hostil e a Baker Hughes reclamava de ser pressionada a aceitar o acordo apressadamente.

Os executivos-chefes das duas empresas encontraram-se no Texas no sábado e concordaram em um preço cerca de 40% maior que o das ações da Baker Hughes antes da proposta inicial da Halliburton, em 13 de outubro.

A Halliburton é a segunda maior prestadora de serviços petrolíferos do mundo e a Baker Hughes é a terceira. A participação combinada das duas no mercado mundial em determinados serviços e produtos superaria os 40%. As duas empresas destacaram estar muito confiantes de poder atender qualquer exigência que as autoridades de concorrência venham a impor e estar preparadas para vende operações com receitas de até US$ 7,5 bilhões - cerca de um terço das vendas da Baker Hughes - caso necessário. A multa em caso de veto ao acordo é sinal da confiança da Halliburton em poder convencer as autoridades reguladoras.

"Estamos preparados para realizar algumas vendas para conseguir a aprovação antitruste", disse o executivo-chefe da Halliburton, Dave Lesar. "Minha caixa de entrada de e-mails ficou cheia nesta manhã [ontem], com pessoas querendo comprar partes dessas operações. Temos confiança de que haverá compradores."

A Halliburton e a Baker Hughes combinadas teriam participação de mercado mundial de 37% no segmento de faturamento hidráulico, de 41% no de brocas para perfurações e de 49% no de serviços para cimentar poços petrolíferos, segundo a firma de análises Spears & Associates.

O analista Rob Desai, da Edward Jones, disse que o acordo ainda seria conveniente para a Halliburton mesmo se precisar vender operações expressivas, mas acrescentou que há incertezas sobre as aprovações das autoridades reguladoras.

"A questão realmente se resume ao Departamento de Justiça [dos EUA], como vai identificar os ativos e o que a Halliburton vai acabar tendo de vender", disse.

O valor das ações, ontem, indicava ceticismo de que o acordo poderá prosseguir como planejado. A oferta consiste em 1,12 ação da Halliburton mais US$ 19 em dinheiro por ação da Baker Hughes. O valor equivale a US$ 74,94 por ação da Baker Hughes, pela cotação de ontem. Nas negociações à tarde, as ações estavam cotadas a US$ 66,33. As ações da Halliburton recuavam 9,4%, para US$ 49,72.

Lesar disse que uma das atrações do acordo era a capacidade da Baker Hughes em áreas nas quais a Halliburton é relativamente fraca, como a de produção química e a de bombas usadas para aumentar a recuperação de petróleo dos poços.

Essas atividades se tornaram importantes em meio à onda de expansão do gás de xisto, que levou a um aumento na produção ao possibilitar a extração de petróleo e outros líquidos de reservas antes consideradas inacessíveis.

A Halliburton estava em busca de algum acordo para reduzir a diferença de tamanho em relação à Schlumberger, maior grupo de serviços petrolíferos do mundo. Em 2005, já havia tentando negociar um acordo com a Baker Hughes. O valor de mercado da Schlumberger gira em torno a US$ 122 bilhões, em comparação ao de US$ 46 bilhões da Halliburton.

Lesar disse que ganhar mais escala ajudaria a Halliburton a concorrer em mercados fora dos Estados Unidos, onde fica para trás em relação à Schlumberger. "Você pode espalhar seus custos fixos e oferecer mais serviços e linhas de produtos, de forma a que se tenha uma oferta mais atraente para os clientes."

As duas empresas justificaram o grande prêmio da oferta dizendo que podem obter economias de até US$ 2 bilhões por ano com cortes de custos, como com a aplicação dos programas de eficiência da Halliburton às operações da Baker Hughes na América do Norte, que vem tendo margens de lucro mais baixas, e com a redução da duplicação em áreas como a de imóveis.

Fonte: Valor Econômico