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Ouro Preto assume ativos comprados da El Paso Energy


A Ouro Preto Petróleo e Gás , presidida por Rodolfo Landim, assumiu na sexta-feira, 29/08, os ativos brasileiros da EP Energy e EP Pescada, que pertenciam à americana El Paso Energy. O negócio foi aprovado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) um ano depois da negociação para a aquisição. O preço não foi informado, mas envolveu ativos de exploração e outros já em produção avaliados em aproximadamente US$ 100 milhões.

Com o negócio, a empresa brasileira criada por Landim e que tem como sócio o empresário Julio Bozano, passa a ter produção de 5.063 barris equivalentes de petróleo, principalmente gás, oriundos das participações acionárias nos campos de Camurupim, no Espírito Santo, e Pescada e Arabaiana, no Rio Grande do Norte, ambos operados pela Petrobras, que compra o gás produzido nesses locais.

Com receita garantida pela produção, a companhia aumentou seu portfolio. Agora a empresa tem 12 blocos em produção ou em fase de desenvolvimento. O diretor de exploração da Ouro Preto, Edmundo Marques, disse ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, que o objetivo é recomeçar os estudos para atender às normais ambientais para viabilizar a obtenção do licenciamento ambiental para o Campo de Pinaúna, com reservas estimadas em 50 milhões de barris de petróleo encontrado na Bacia de Camamu Almada. A área fica em águas rasas, a cerca de 11 quilômetros da costa e quase em frente a Morro de São Paulo, na Bahia, uma região de grande sensibilidade ambiental com a presença de corais e também área de reprodução de baleias.

Marques conhece bem a área, lembra que inclusive passava férias ali quando era adolescente, e diz que o plano para produzir petróleo na área, que a Ouro Preto vai apresentar ao Ibama, prevê defesas permanentes e uma mudança no projeto original da El Paso. Antes seria usada uma plataforma de armazenamento do petróleo, mas agora a ideia é exportá-lo por duto até a costa, o que reduz risco de derramamentos no mar.

"[O campo de] Pinaúna tem um óleo excelente, de 37 graus, mas como é parafínico ele congela por causa da temperatura da água. Podemos fazer uma ligação para mandar o óleo para a terra misturado com água, que depois será tratada", afirma o executivo, que fez carreira na Petrobras como geólogo (trabalhou 20 anos na estatal) e trabalhou na OGX, atualmente OGPar, antes de assumir a área de exploração da Ouro Preto.

Outra área que vai receber atenção é o campo de Camarão. Edmundo Marques explica que pretende começar "imediatamente", ainda hoje, as negociações para a unitização de Camarão com o reservatório de Camarão Norte, que é adjacente ao campo de gás de Manati. Um fator que deve facilitar a união é que as duas áreas são operadas pela Petrobras, tendo o mesmo grupo de sócios: a Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), Brasoil e Geopark. "O lógico ali é fazer uma ligação para Manati, transferindo a produção pela estrutura de escoamento do campo, que fica perto [de Camarão]. Isso é o mais lógico e a única maneira viável", explica.

A Ouro Preto é uma das novatas criadas no Brasil nos últimos anos por executivos que deixaram a Petrobras. Depois de presidir a OGX e OSX, de Eike Batista, com quem se desentendeu, Rodolfo Landim tentou comprar a HRT, fundada por Márcio Melo, mas o negócio não foi adiante. Logo vieram as negociações com a El Paso. No ano passado, a empresa participou das duas rodadas de licitações da ANP e comprou cinco blocos exploratórios na 11ª Rodada (quatro em terra na bacia do Parnaíba e um no mar na Bacia de Barreirinhas) e sete blocos na 12ª Rodada, todos na Bacia do Recôncavo e operados pela Petrobras.

Fonte: Valor Econômico