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PF diz que Petrobras colaborou e entregou documentos para apreensão


Policiais que atuam na Operação Lava Jato foram à sede da estatal.
Assessoria da PF informou que 'não foi necessário' cumprir mandados.

A assessoria da Polícia Federal (PF) divulgou nota oficial nesta sexta-feira (11/04) para informar que "não foi necessário" cumprir os mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal do Paraná na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, que autorizavam o recolhimento de documentos da estatal.

Na manhã desta sexta, a PF foi à sede da estatal do petróleo com mandados de intimação que determinavam a entrega de documentos que podem auxiliar nas investigações do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com a nota da polícia, "como houve colaboração" da empresa, os agentes federais que atuam na operação Lava Jato apenas recolheram os documentos apresentados pela presidência da Petrobras, sem a necessidade de cumprir os mandados de busca e apreensão.

Também em nota oficial, a Petrobras relatou que um delegado e três agentes da Polícia Federal foram recebidos pela presidente da empresa, Maria das Graças Foster, em uma sala de reunião. Imediatamente, informou o comunicado, Graça Foster acionou a Gerência Jurídica da estatal para tomar todas as providências necessárias para cumprir a ordem judicial.

Ao todo, nesta sexta, a PF executou 23 mandados de prisão e busca de documentos em cidades dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Foram cumpridos dois mandados de prisão temporária, seis de condução coercitiva (quando o suspeito é levado a depor), e 15 de busca e apreensão de documentos na cidade de São Paulo e Campinas. No estado do Rio, os mandados foram cumpridos na capital, em Macaé e em Niterói (RJ).

O G1 entrou em contato com a Petrobras, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido retorno sobre a ação da PF na empresa.

Foram executados mandados também na empresa Ecogloboal Ambiental, em Macaé. A polícia investiga um contrato da empresa com a Petrobras, no valor de R$ 443 milhões, que foi assinado em 2013.

A Operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março. Na ocasião, a PF executou mandados em Curitiba e outras 16 cidades do Paraná, além de cidades de outros seis estados.

O esquema, segundo a polícia, envolve personagens do mercado clandestino de câmbio no Brasil. Um dos líderes da organização criminosa, de acordo com a polícia, é o doleiro Alberto Youssef, preso no dia em que foi deflagrada a operação.

No dia 20 de março, a operação Lava Jato prendeu também o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A polícia investiga as ligações de Costa com o doleiro Youssef.

Segundo a PF, quando foi preso, no Rio, Costa estava tentando destruir material que pode ser usado como provas nas investigações.

Carro de luxo
Nesta semana, o Jornal Nacional revelou trecho de depoimento de Costa à Polícia Federal. À PF, o ex-diretor disse que recebeu um carro de luxo do doleiro Alberto Youssef em pagamento por um serviço de consultoria prestado, segundo ele, depois de ter deixado a estatal.

Documentos em posse da Polícia Federal mostram também que Paulo Roberto Costa pode ter recebido depósitos milionários do doleiro na conta de uma de suas empresas, a Costa Global. Um desses documentos é uma planilha de valores que, segundo a Polícia Federal, seria uma contabilidade manual da empresa. São valores em reais, dólar e euro recebidos entre novembro de 2012 e março de 2013.

André Vargas
As investigações apontam também para ligações de Youssef com o deputado federal André Vargas (PT-PR).

Segundo reportagem da revista "Veja", as investigações da polícia revelam que Vargas atuou com Youssef para conseguir um contrato de uma empresa de fachada com o Ministério da Saúde. O deputado, que responde a processo de cassação no Conselho de Ética na Câmara, nega as irregularidades.

Além disso, Vargas admitiu que, em janeiro, viajou e, jatinho emprestado por Youssef. O deputado diz que não sabia das ações ilícitas do doleiro e que o conhecia há mais de 20 anos, da cidade de Londrina.

Fonte: G1