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Porto do Rio de Janeiro se consolida como o do pré-sal


Enquanto outros empreendimentos não inauguram, a estrutura existente atende a demanda da Bacia de Santos

Na terça, 15/07, por volta das 16h, o site especializado Marine Traffic mostrava 60 embarcações de apoio à exploração de petróleo fundeadas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. A presença deste tipo de embarcação, cada vez mais frequente, é apenas a face mais visível de uma operação que vem dando nova cara aos portos do Rio e de Niterói, já consolidados como principal base de apoio à exploração do pré-sal. A região já supera, em movimentação de barcos de apoio marítimo, o Porto de Imbetiba, em Macaé, principal base de operações da Bacia de Campos.

“Os barcos de apoio expulsaram os de carga geral para fora da baía”, brinca o diretor de operações da Triunfo Logística, Alexandre Lima, tocando em uma ferida aberta no final do ano passado, quando moradores da zona sul da cidade vieram a público reclamar da poluição visual provocada pelo excesso de navios cargueiros fundeados em frente às praias de Copacabana e Ipanema. De fato, segundo o Marine Traffic, havia apenas dez petroleiros e seis cargueiros na baía às 16h de ontem.

A expectativa é de crescimento, uma vez que a Petrobras já definiu que, diante da saturação de Imbetiba, as operações do pré-sal serão apoiadas mesmo pela Baía de Guanabara — sepultando especulações sobre o parcerias no porto do Açu ou em Maricá. Hoje, a estatal conta com 168 barcos de apoio dedicados às suas operações em alto mar, operação que compreende desde atividades especializadas, como o lançamento de dutos submarinos, ao simples transporte, em rebocadores, de suprimentos para as plataformas.

Com os campos do pré-sal a distâncias que variam entre 200 e 300 quilômetros da costa, serão necessários mais barcos para fazer o mesmo número de viagens na Bacia de Campos, onde as reservas estão a até 150 quilômetros de distância. “Do sul do Espírito Santo até o Rio de Janeiro, as melhores oportunidades para usarmos outras alternativas, além de Macaé, estão no Porto do Rio”, diz a estatal.

No terminal operado pela Triunfo, a atividade de apoio marítimo começou a ganhar força após a crise de 2008, que reduziu à metade a movimentação de produtos siderúrgicos no Porto do Rio. “Com a crise da siderurgia, decidimos apostar no petróleo”, conta Lima. O terminal contabiliza hoje uma média mensal de 350 atracações. Ao todo, 950 empregados estão dedicados à atividade de apoio a plataformas.

Outra base, no Caju, foi assumida no início do mês pela Brasco Logística, do grupo Wilson Sons, que investirá na construção de seis atracadouros para barcos de apoio à atividade petrolífera. Em Niterói, há uma base especializada na armazenagem e carregamento de fluidos utilizados nas atividades de exploração e produção de petróleo. O crescimento das atividades de apoio motivou a GB Armazéns a construir uma grande área no entorno da Linha Vermelha, uma das principais vias de acesso à cidade, que está sendo usada para armazenar tubos para a Petrobras.

Toda essa movimentação, porém, vem piorando um gargalo histórico na região: os acessos terrestres. No porto do Rio, o acesso rodoviário é feito por vias de ligação com o Centro da cidade, já saturadas nos horários de pico. O crescimento das operações marítimas traz como consequência o aumento no número de caminhões, piorando os engarrafamentos que já tiram o sossego de quem vive ou trabalha na região e prejudica a competitividade das operações — além do apoio offshore, o Porto do Rio tem hoje forte atividade com contêineres e veículos.

O governo do Estado e a prefeitura trabalham em um projeto, denominado Porto do Século XXI, que tem entre seus objetivos melhorar a questão de infraestrutura logística, com a construção de novas avenidas na região portuária e alças de acesso à Ponte Rio-Niterói, à Linha Vermelha e à Avenida Brasil. Na área do Caju, está prevista a construção de um truck center, onde os motoristas de caminhão terão opções de alimentação e hospedagem enquanto esperam a hora de entrar no porto.

Fonte: Brasil Econômico